Trecho do relatório “Escândalo da Desigualdade”

 

(DCM)

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BRASIL-

Na América Latina e Caribe, as oportunidades de crescimento estão muito ligadas ao lugar de nascimento e à identidade, o que inclui o gênero, grupo étnico, raça, religião ou orientação sexual. A desigualdade de renda é somente um aspecto da situação, já que existem enormes diferenças no acesso ao emprego ou a mercados para vender a produção. As mulheres sofrem desproporcionalmente os efeitos da pobreza, marginalização, mudanças climáticas, discriminação e violência. O presidente da Christian Aid, o doutor Rowan Williams, ex-arcebispo de Canterbury, somou sua voz a um crescente coro de vozes, que conta com o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o economista francês Thomas Piketty, e que se preocupa cada vez mais com a ameaça que a crescente desigualdade significa para a coesão social, a prosperidade e a democracia. O relatório se apresenta mañana em San Pablo. Estará disponível on line a partir del jueves em nosso site web

Os níveis de desigualdade estão aumentando em muitos lugares do mundo, inclusive em países desenvolvidos como o Reino Unido, Espanha e Estados Unidos. Embora a desigualdade não seja exclusiva da América Latina e Caribe, a região mantém a lamentável distinção de ser a mais desigual do mundo. As desigualdades de gênero, orientação sexual, raça, grupo étnico, religião, situação econômica e localização geográfica, continuam atingindo a região e muitos de seus habitantes continuam imersos na pobreza. Defendemos que enfrentar a desigualdade – e especialmente a forma em que diferentes desigualdades se sobrepõem na vida das pessoas – continua sendo tão necessário hoje na América Latina e Caribe, quanto era no momento em que foi publicado nosso primeiro relatório. “O Escândalo da Desigualdade na América Latina e Caribe”, lançado pela Christian Aid em 2012, destacou o alto grau de desigualdade existente em toda a região. Algo particularmente relevante em um momento em que os doadores se distanciavam cada vez mais dos chamados países de renda média, e a desigualdade não estava tão integrada no contexto do desenvolvimento quanto está agora.

Aquele relatório foi fundamental para situar firmemente a desigualdade em todas as suas formas na agenda de política e de incidência da Christian Aid. A desigualdade agora está mais destacada no discurso geral sobre o desenvolvimento e possui um vínculo muito estreito com os ODS. Um dos 17 objetivos, que todos os países da região adotaram, foca especificamente na desigualdade e situa a equidade mundial no centro do debate sobre o desenvolvimento. O atual contexto regional e mundial apresenta um caminho difícil para tentar reduzir a desigualdade. Os efeitos crescentes das mudanças climáticas, a maior polarização e incerteza na situação política de muitos países, o poder em mãos de elites e companhias multinacionais do mundo inteiro, junto com um reduzido espaço na América Latina e Caribe para que a sociedade civil possa levantar sua voz, são fatores que tornam a realização de mudanças estruturais um verdadeiro desafio.

Acreditamos que devemos enfrentar esse desafio. Mais do que nunca a desigualdade está presente na agenda política. Em nível mundial, aspectos como o papel da política fiscal na redução da desigualdade, a violência contra as mulheres e a desigualdade de gênero, bem como o apoio aos que sofrem os efeitos das mudanças climáticas, estão tendo mais presença nas agendas políticas. Este relatório aponta algumas das áreas importantes em que a desigualdade é experimentada, e que estão associadas ao foco estratégico da Christian Aid/InsipirAction. Também faz sugestões sobre onde e como as mudanças devem acontecer, segundo a Christian Aid e suas organizações parceiras.

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