Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa no Rio

conic dia tolerancia religiosa

Rio de Janeiro

CONIC/ALC

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro e a Associação Brasileira de Imprensa promoveram, nesta quarta-feira, 21 de janeiro, ato contra a intolerância religiosa sob o tema Liberdade Religiosa e Liberdade de Expressão.
Representantes de inúmeros grupos de fé se juntaram para declarar publicamente que atos de violência e promoção do ódio não fazem parte do discurso religioso que prima por uma cultura de paz. O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) se fez representar pelo Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (CONIC-Rio), nas pessoas da presidente Lusmarina Campos Garcia, pastora luterana, e do vice-presidente Daniel Cabral, reverendo anglicano.
Confira o discurso proferido pelos representantes do CONIC:
A liberdade religiosa e a liberdade de expressão – duas liberdades fundamentais erigidas sobre uma construção ocidentalizada dos direitos humanos.
O reformador protestante Martinho Lutero já perguntava no século XVI: liberdade para quê? E respondia: para amar e para servir.
Mas servir como? A liberdade não pode servir para promover a violência ou o ódio.
A liberdade religiosa não pode ser usada para construir discursos e desenvolver imaginários discriminatórios, que induzem ao ódio ou ao menosprezo contra grupos de pessoas que não se adequam aos modelos estabelecidos por suas tradições. A liberdade religiosa é liberdade para a inclusão e para o respeito às diferenças e à diversidade, características da vida humana e planetária.
A liberdade de expressão não é liberdade para dizer qualquer coisa, para provocar irresponsavelmente ou conduzir a população a opiniões baseadas em informações parciais ou especulativas. Não é liberdade para jogar com a boa fé do público que confia nos meios de comunicação nem para priorizar o constante revolver do lodo e das entranhas indigestas das instituições, dos indivíduos ou seja quem for o foco ou o alvo da notícia. A liberdade de expressão é liberdade para um agir ético, não leviano ou escarnecedor. É liberdade para construir a verdade ou para buscar identifica-la.
Nem a liberdade religiosa nem a liberdade de expressão podem ser instrumentalizadas para construções falsas. E neste sentido, é preciso ter cautela neste momento. Nós precisamos tomar muito cuidado para não reforçar a construção que associa terrorismo ao Islã; construção esta que tem caráter político e interesse econômico.
Muçulmano e terrorista não são duas palavras correspondentes.
A construção de um Islã terrorista e consequentemente a construção do ódio contra o Islã serve aos interesses estratégicos dos países que querem ter acesso ao petróleo. Para criar condições de acesso, o ódio da população mundial contra o Islã é o mecanismo justificador de inevitáveis invasões e de imparáveis guerras.
A morte das 12 pessoas do Charlie Hebdo, em Paris, não é justificável tanto quanto não o é a morte das 2000 pessoas na Nigéria ou das 20 no Níger. Pronunciaram-se contra estes atos o Conselho Mundial de Igrejas, o Vaticano, os conselhos e líderes da maior parte das igrejas cristãs ao redor do mundo.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil e o Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro se solidarizam com os irmãos e irmãs muçulmanas e de outras religiões nas lutas contra a intolerância religiosa e em prol das liberdades responsáveis.
No âmbito do Rio de Janeiro, o Conselho de Igrejas Cristãs do Estado tomou a iniciativa de reconstruir o terreiro queimado em Duque de Caxias. Em parceria com outros segmentos religiosos queremos viver a solidariedade e dizer para o Brasil e para o mundo que a intolerância não tem lugar em nosso meio; queremos dizer não às fogueiras do passado que queimaram mulheres e alquimistas, às fogueiras do presente que queimam terreiros e igrejas, e às fogueiras que o futuro possa vir a produzir, resquícios da pretensão de homogeneização de um mundo que não pode ser homogêneo. Somos diversos, somos tolerantes, e queremos a paz!

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