Processo de beatificação e canonização de dom Helder começa em maio

 

Helder Câmara
O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, assinou, na manhã desta quarta-feira (8), o edital que autoriza a abertura oficial do processo de beatificação e canonização de dom Helder Câmara. O pedido de canonização foi enviado ao Vaticano em maio de 2014 e o parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos, enviado pela Santa Sé, na Itália, chegou à Arquidiocese de Olinda e Recife na segunda (6), dando a Helder Câmara o título de “Servo de Deus”.
” Eu tenho muito carinho por dom Helder, que é uma pessoa que marcou muito a minha vida. Foi ele quem me ordenou sacerdote”, lembra Saburido. O arcebispo aponta também que o próximo passo é convocar uma comissão para trabalhar no processo, orientada pelo frei Jociel Gomes.
“Alguns documentos já estão sendo recolhidos e o resultado tem sido positivo. Já descobrimos documentos inéditos, como um diário de dom Helder quando ele era um jovem padre na Arquidiocese de Fortaleza “, lembra Gomes, destacando que os documentos serão avaliados por uma comissão teológica.
O frei aponta também que a Arquidiocese de Olinda e Recife tem, agora, três grandes processos de beatificação: alem de dom Helder, também há processos de canonização de Frei Damião e dom Vital. No entranto, eles podem ser demorados. ” Não sabemos quanto tempo pode levar”, afirma Gomes. Isso acontece porque, para que Câmara seja canonizado, é preciso que a ele sejam atribuídos milagres.
Além de oficializar o processo de beatificação, o edital assinado pelo arcebispo também busca ajuda para reunir informações sobre dom Helder Camara. “Estamos convocando os fieis a fornecerem documentos que possam ser úteis para a beatificação, como cartas”, explica dom Fernando Saburido. Os documentos ou informações podem ser entregues na Cúria Arquidiocesana, no Recife.
Para os fiéis, a abertura oficial será na Catedral da Sé, em Olinda, onde está o corpo de dom Helder, no dia 3 de maio, às 9h, quando sera celebrada uma missa.
História
Dom Helder Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, e teve 12 irmãos. Após entrar muito jovem no Seminário da capital do Ceará, se tornou padre aos 22 anos.
O primeiro momento da vida religiosa de dom Helder foi marcado pela militância junto a instituições políticas conservadores, como a Ação Integralista Brasileira, entre 1932 e 1937. Mais tarde, o religioso considerou a participação como um erro da juventude. Já radicado no Rio de Janeiro desde 1936, passou a optar por um trabalho assistencialista, quando fundou departamentos da Igreja voltados para atender os mais necessitados.
Após longo período atuando na então capital do Brasil, dom Helder foi nomeado para o Maranhão. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, é mandado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964, poucos dias após o golpe militar. Na capital pernambucana, o religioso desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e Igreja.
Dois dias após a posse, dom Helder lançaria, juntamente com outros 17 bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo liberdade das pessoas e da Igreja. O primeiro grande atrito, entretanto, ocorreu em agosto de 1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste.
A partir de então, dom Helder sofreu represálias, inclusive com sua casa metralhada, assessores presos e com a morte de Padre Antônio Henrique, que foi assassinado. Em 1970, quando dom Helder teve o nome lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura a presos políticos no Brasil. Também em 1970, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do arcebispo de Recife e Olinda.
Dom Helder comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo dom José Cardoso Sobrinho. Ele morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral Santíssimo Salvador do Mundo, em Olinda.
Pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, dom Helder recebeu vários prêmios internacionais, como Martin Luther King, nos Estados Unidos, 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega, 1974. O religioso é autor de 22 livros, a maioria ensaios e reflexões sobre o terceiro mundo e a Igreja.
Com informações de Agências
Foto: Divulgação

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