Quando entrar setembro

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Magali Do Nascimento Cunha-

A boa nova é a Peregrinação de Justiça e Paz, que se encontra no Brasil este mês e traz sementes que merecem ser espalhadas.
“Quando entrar setembro / E a boa nova andar nos ca
mpos, quero ver brotar o perdão onde a gente plantou (…) / Já choramos muito / Mesmo assim não
custa inventar uma nova canção que venha nos trazer
sol de primavera”. Os versos da belíssima canção de Beto Guedes são inspiradores deste tempo que
podemos viver. Evangelizam: nos lembram que é possí
vel recebermos “boa nova”.
Foi-se agosto, com sua carga popularmente negativa,
vai-se o inverno (ou a possibilidade dele), e vem setembro e o sol de primavera, de renovação, de um
brotar do novo… Imagem que nos remete a falar da
expectativa de um tempo novo e bom. Algo de que carecemos intensamente.
Escrevo, portanto, sobre a esperança. E não quero t
eorizar sobre ela. Escrevo sobre uma boa nova no contexto religioso que vem com setembro.
Encontra-se no Brasil, em Peregrinação de Justiça e
Paz, o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor norueguês , de tradição luterana,
Rev. Olav Fykse Tveit. Chegou ao país no último dia
1º, acompanhado da presidente do CMI para América Latina, a pastora presbiteriana colombiana Glória Ulloa e do correspondente para a América Latina, o luterano brasileiro Marcelo Schneider. Quem são estes evangélicos e por que representam uma boa nova?
O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é uma associaçã
o de 345 igrejas cristãs, evangélicas e ortodoxas, de todos os continentes, formada em 1948 (a Igreja
Católica Romana participa como observadora). Do Bra
sil são membros as igrejas Metodista (membro-fundadora), Presbiteriana Independente,
Presbiteriana Unida, Evangélica de Confissão Lutera
na e Episcopal Anglicana.
É uma das mais significativas expressões do movimen
to ecumênico mundial.
A 10ª Assembleia do CMI, realizada na Coreia do Sul
, em 2013, lançou um convite aos cristãos de todo o mundo: engajarem-se numa Peregrinação de
Justiça e Paz. O convite tem uma mensagem: as igrej
as estão numa peregrinação neste mundo, a caminho de um outro mun do possível. A preposição “de” faz toda a diferença: não é uma peregrinação pela justiça e pela paz, mas “de” justiça e paz. Significa que as
igrejas precisam caminhar testemunhando e trabalhando a justiça com paz.
A delegação em Peregrinação de Justiça e Paz, que e
stá no Brasil, já passou pela Argentina e pelo Chile e irá para a Colômbia. Em todos os países há
encontros com lideranças de igrejas cristãs, com or
ganizações parceiras e da sociedade civil, além de lideranças diplomáticas e governamentais.
No Brasil, tem sido enfatizado o papel das igrejas
na promoção do respeito às diferentes religiões e no fortalecimento da democracia participativa, que leve à
redução da desigualdade. Tema destacado também é o da justiça ambiental, com ênfase na atuação do CMI na Conferência do Clima, organizada pela ONU
em Paris, no fim deste ano.
Por sinal, vale lembrar que o CMI desenvolve, desde
2009, a campanha “Tempo para a Criação”, que está em curso (até 4 de outubro). O tema é apresentado como oportunidade de refletir e chamar as igrejas à necessidade de cuidar da Criação de Deus, o planeta, nossa Casa Comum. E também de renovar a esperança no novo tempo da Criação.
Em tempos de violência, física e verbal, em nome de
verdades defendidas por alguns grupos religiosos, vale espalhar esta boa no va. Até porque, por certo,
este grupo não terá destaque nas mídias, que, lamen
tavelmente, optam por promover mais intolerância do que ações pela vida e pela paz. Sim, vale a pena
se inspirar neste setembro, que traz estas sementes
que merecem ser cultivadas e espalhadas, na esperança de um outro m undo possível.
Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/quando-entrar-setembro-17386052#ixzz3kfYxDNbZ
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