FUMEC: condenamos o golpe no Brasil porque é um atentado contra a democracia

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ARGENTINA-

A FUMEC ALC vê com preocupação e angustia os acontecimentos desencadeados nos últimos tempos em a região. “O Golpe Parlamentar no Brasil é um ponto de inflexão e indicador de um momento que vive a América Latina onde o conservadorismo do passado ganhou terreno”.

Aqui todo o documento publicado em 1 de Setembro:

Nossos valores democráticos nos levam a nos pronunciarmos contra o este golpe parlamentar. Sem pretender dar uma resposta jurídica ou entrar em dilemas semânticos, mas como uma posição política. O que ocorreu no brasil é um golpe. Aconteceu em outros países da região com características similares. Paraguai em 2012, Honduras em 2009 e outras tentativas falidas no Equador, Bolívia e Venezuela.

Queremos expressar nossa solidariedade e desejo de acompanhamento às e aos companheiros do Brasil nestes momentos difíceis. As lutadoras e lutadores sociais que nos ajudaram a construir um Brasil mais justo e que veem, temerosos, a chegada de novas políticas e modelos que vão contra os avanços alcançados.

Cremos que este não é um fato isolado, mas que é parte do avance do poder das elites nacionais e do capitalismo internacional em vários pontos do nosso continente, que já não se conforma com a situação mundial que outrora os beneficiou e agora quer recobrar terreno. A configuração geopolítica-econômica que vive América Latina está mudando: não só através de práticas golpistas (Paraguai, Honduras, Brasil), mas também, a partira da aparição de novos atores políticos que acenderam através de eleições para dirigir seus governos. Mas que o fizeram com a mesma base de apoio das elites nacionais, a corporação financeira internacional e os meios de comunicação, desenvolvendo políticas contra o povo. A criação de narrativas, parte do poder real, implementada pelos meios hegemônicos de comunicação tem gerado um clima em que a desinformação, o moralismo e o servilismo são moeda corrente. Estas narrativas conseguiram penetrar nas sociedades através dos mais patéticos mecanismos, gerando um eco nas classes médias, que ao modo do labirinto kafkiano, repetem o que a televisão e os jornais, porta-vozes de verdades absolutas e verdades, ordenam. Convertem-se em uma plataforma de suporte que os meios utilizam.

As consequências da chegada destes modelos –não tão- novos neoliberais já se podem sentir: o avanço no desmantelamento das políticas sociais e de distribuição de renda; as grandes alianças com o capital estrangeiro; os ajustes fiscais e os aumentos tarifários selvagens que transferem recursos das classes populares aos mais ricos; a busca de maior segurança jurídica e a flexibilização do trabalho (que consideram um custo); a retirada de dinheiro da cultura, da educação e da saúde; o Estado desmantelado em prol da eficiência do mercado; os processos de endividamento com os organismos internacionais de crédito. Todas são receitas e políticas obsoletas que outrora causaram pobreza e exclusão, que beneficiaram uns poucos e que já podemos testemunhar em muitas de nossas cidades e países.

Não justificamos, ao mencionar isso, os erros daqueles partidos e movimentos que acenderam ao poder – através da construção de bases sociais – na região nos primeiros quinze anos do milênio. Mas reconhecemos com total independência, honestidade e também crítica, os progresso que foram feitos, permitindo satisfazer necessidade, tirar da pobreza milhões de pessoas, dar mais oportunidades distribuindo renda, garantindo serviços de saúde, cultura e educação de maior qualidade para aqueles setores historicamente depreciados por aquelas sociedades que tiveram o controle da América Latina por cinco séculos.

Estes avanços são próximos aos processo de justiça pelos quais optamos. A opção da FUMEC não é por um setor, por um partido político ou por uma doutrina absoluta. É uma opção radical na esperança do Reino de Deus e sua justiça, que nos demanda a luta por uma casa habitada para todas e todos.

Essa opção do Movimento Estudantil Cristão a nível mundial é, no passado e agora a opção preferencial pelos pobres: pelos imigrantes, pelos que sofrem por causa das guerras, pelas minorias sexuais, pelas mulheres, pelos campesinos e povos indígenas. Por todos e todas que tem sua liberdade e dignidade cortadas. É também a opção pela democracia, pela participação e a não violência.

Afirmamos que não existe direito divino ou darwinismo social que possa sustentar a naturalização das desigualdade, da exclusão, da xenofobia, da homofobia e do patriarcalismo. A ambição de uns poucos, sob o modelo de produção e consumo, naturalizou a desigualdade e a pobreza. Aceitá-lo é um grande pecado contra o próximo e contra Deus.

Por tudo isso, condenamos o golpe no Brasil; porque é um atentado contra a democracia e a favor das elites neoliberais. Condenamos a implementação de políticas econômicas, sociais e ambientais que sejam contra a dignidade das pessoas.

Frente às turbulências da época, o compromisso deve reforçar-se: fazemos um chamado para avançar nossas leituras e nos comprometermos na missão. Como jovens e estudantes cristãos e cristãs devemos nos atentar a este momento e começar a atuar com amor, voz profética e testemunho público.

Em solidariedade,

Marcelo Leites Secretario Ejecutivo Regional FUMEC ALC Sarahí García Gomez Presidenta Mesa Directiva FUMEC ALC Oscar Reicher Vicepresidente Mesa directiva FUMEC ALC

One comment on “FUMEC: condenamos o golpe no Brasil porque é um atentado contra a democracia
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