Neste 2017 serão lembrados os 500 anos de um movimento religioso que deixou marcas no mundo: a Reforma Protestante. 31 de outubro é o dia em que se celebra o ápice desse movimento, nascido europeu, e que propôs novas formas de viver a fé cristã a partir de um protesto.
Uma posição, principalmente, contra a forma como a Igreja predominante na época, a Católica Romana, colocava condições para fiéis encontrarem perdão para os seus pecados e estimulava a prática de penitências associada ao elemento financeiro. Do protesto emergiram reflexões de fé de personagens como o alemão Martin Luther [Martinho Lutero], o mais destacado, além do escocês John Knox, do francês Jean Calvin, do suíço Ulrich Zwingli e do alemão Thomas Müntzer, este um líder dos “sem-terra” da época, entre outros. Daí nasceram as diferentes tradições chamadas protestantes (luteranas, presbiterianas, metodistas, batistas).
Consideradas todas as transformações experimentadas por estes grupos, com sua diversidade doutrinária e cultural e alianças com poderes dominantes, foram as bases teológicas da Reforma que moldaram as doutrinas das diferentes confissões protestantes que se constituíram na Europa e nos Estados Unidos e, mais tarde (a partir do século XVII), se expandiram por todos os continentes, por meio dos esforços missionários. E foi assim que este segmento cristão chegou à América Latina há quase dois séculos e sofreu muitas transformações, em especial, com a chegada dos pentecostais, décadas depois.
Como contribuição a todo o processo de memória e reflexão que envolve os 500 anos da Reforma Protestante, os teólogos brasileiros Claudio de Oliveira Ribeiro (de tradição metodista) e Alessandro Rodrigues Rocha (de tradição batista) organizaram o livro “Ecumenismo e Reforma”, que acaba de ser publicado pelas Edições Paulinas no Brasil. Na obra há diferentes análises da trajetória teológica do movimento da Reforma, enfatizando sua pluralidade interna, as visões políticas e religiosas distintas entre os seus protagonistas e as práticas igualmente distintas dos grupos herdeiros da Reforma até os dias atuais, principalmente no que diz respeito à presença protestante na América Latina.
Os 23 capítulos de “Ecumenismo e Reforma” estão distribuídos em três partes “Herança teológica da Reforma”, “Recepção Ecumênica de Teologias”, “Situações contextuais e emergentes da Reforma”. Cada um deles foi produzido por um grupo diversificado ecumenicamente, tendo por base metade de católicos romanos e a outra parte pessoas de distintas tradições evangélicas, incluindo pentecostais. A diversidade de gênero é notável: metade são mulheres. Outros elementos fortes da diversidade dos/as autores/as são: o lugar de interlocução e incidência deles/as (universidades, espaços eclesiais, pastorais populares, organizações ecumênicas, e entre outras) e o fato de reunir pessoas renomadas e de longa experiência no campo das publicações com alguns jovens que têm tido destaque no debate ecumênico.
Esta coletânea tem tudo para ser uma contribuição efetiva para diferentes grupos, eclesiais e acadêmicos, para marcar com graça e eficácia as oportunidades celebrativas e de reflexão em torno dos 500 anos da Reforma.
RIBEIRO, Claudio de Oliveira; ROCHA, Alessandro Rodrigues
Ecumenismo e Reforma. São Paulo: Paulinas, 2017. 358 p.
Autoras/es dos capítulos:
Alessandro Rodrigues Rocha
Alonso S. Gonçalves
Cesar Kuzma
Claudio de Oliveira Ribeiro
Edson Fernando de Almeida
Elaine Martins Donda
Elias Wolff
Kenner Terra
Levy da Costa Bastos
Luana Martins Golin
Lúcia Pedrosa de Pádua
Magali do Nascimento Cunha
Marcelo Barros
Maria Cecília Domezi
Natanael Gabriel da Silva
Ricardo Zimmermann Fiegenbaum
Roberto Ervino Zwetsch
Rosemary Fernandes da Costa
Rudolf von Sinner
Silvana Venancio
Tea Frigério
Tereza Cavalcanti
Wallace de Góis Silva