Subsídios UMCOR COVID-19 atingem comunidades isoladas no Brasil

Por Christie R. House-IMU-
Traduzido e adaptado por Sara de Paula

Sete parceiros ministeriais em todo o Brasil receberam do United Methodist Committee on Relief (Comitê Metodista Unido de Socorro) o COVID-19 Sheltering in Love (COVID-19 abrigando-se no amor), para ampliar seu alcance de cuidado nas suas comunidades. Em um esforço coordenado, por meio do ministério de Vida e Missão da Igreja Metodista Nacional no Brasil, as congregações metodistas acompanham as pessoas vulneráveis através da pandemia do COVID-19. Em um país sem uma estratégia governamental coordenada para combater a disseminação do novo coronavírus, o alcance de uma igreja metodista pode ser a única ajuda que algumas dessas comunidades recebem.

Atualmente, as taxas de transmissão do COVID-19 estão subindo no Brasil. No final de junho, o país tinha 1,35 milhão de casos confirmados e 57.658 mortes. A Rev. Joana D’Arc Meireles, secretária nacional para Vida e Missão, descreve o clima no Brasil como “aterrorizante”.

“As pessoas estão sofrendo”, explicou Meireles em uma entrevista em vídeo com o secretário geral dos Ministérios Globais, Thomas Kemper. “Temos fome, desemprego e muitas pessoas doentes agora, e nem todos têm acesso a bons cuidados de saúde. Por esse motivo, a Igreja Metodista e outras igrejas no Brasil se uniram para planejar maneiras pelas quais podemos ser mais relevantes em solidariedade para lidar com essa situação no Brasil”, disse ela.

A Igreja Metodista fornece orientações gerais sobre prevenção e distanciamento social do COVID-19 on-line. Ela publica recursos oficiais, como liturgia para funerais, cartas pastorais e outro apoio às congregações locais. Atualmente, todos os edifícios da Igreja Metodista estão fechados para o culto presencial e as congregações estão reunidas virtualmente.

No entanto, algumas congregações continuam e até aumentam sua justiça social e ministérios de extensão. Com a assistência das doações Metodistas Unidas por meio do Fundo UMCOR COVID-19, mais pessoas estão encontrando ajuda em tempos caóticos e incertos.

Atingir comunidades em risco e esquecidas

Na cidade de Teresina, no Piauí, Nordeste do Brasil, a Igreja Metodista de Teresina trabalha há vários anos para alcançar uma comunidade carente em um local chamado Jerusalém.

Raquel Gonçalves Da Silva Filgueira Rocha, estudante de psicologia, lidera a equipe de Ação Social da igreja.

Rocha descreve Jerusalém como um lugar perigoso para forasteiros. “Nossa atividade começou oferecendo sopa para pessoas, muitas das quais viciadas em drogas. E então, alguém daquela comunidade nos convidou a entrar.”

Este foi o começo do Casas de paz (Homes of Peace), um ministério focado em maneiras de melhorar a vida das crianças em Jerusalém, fortalecendo as famílias. Eles começaram com um pequeno grupo e os números cresceram o suficiente para iniciar um programa semanal.

Um subsídio da UMCOR ajudará os Metodistas de Teresina a fornecerem kits de higiene, diretrizes de prevenção COVID-19 e cestas básicas.

“A comunidade não está realmente preocupada com o vírus”, observou Rocha. “Eles carecem de informações básicas e pouca proteção está disponível. O que sabemos é que muitas pessoas são afetadas pelo COVID-19 aqui. Alguns morreram. Algumas famílias estão se isolando, mas muitas não.” 

A igreja registrou 40 famílias para o suporte do COVID-19, que eles chamaram de “Projeto Nova Jerusalém Contra o COVID”.

Outro projeto conferido ao Nordeste do Brasil, na Paraíba, atende a uma comunidade oculta através da Igreja Metodista de João Pessoa.

A congregação está reunindo voluntários para montar kits de higiene em parceria com uma associação LGBT brasileira, para atender as trabalhadoras do sexo na área. “Temos tentado ajudar essas mulheres a manter sua dignidade, sua saúde e higiene nesses tempos”, observou Meireles.

Em Piracicaba, São Paulo, a Associação Betel de Assistência Social, fundada por metodistas, é um lar de idosos com 80 residentes e 77 funcionários. Ela relata 86 casos de COVID-19 entre residentes e funcionários e oito mortes. Uma concessão da UMCOR ajudará a salvar vidas, fornecendo testes COVID-19 e aderência estrita às novas diretrizes.

O subsídio para um projeto em Campina Grande, Paraíba, apoia os profissionais de saúde e suas famílias, que se arriscam a conter o vírus.

Na região de Barra do Ceará, nos arredores de Fortaleza, toma forma um projeto de família para família chamado Cinco Pães e Dois Peixes. Nesse programa único, a Igreja Metodista de Fortaleza reuniu cinco famílias, cujos membros adultos ainda estão empregados, com duas outras famílias cada, que perderam o emprego durante a quarentena. Então, juntas, as cinco famílias acompanharão outras 10 famílias durante a pandemia.

A multiplicação de recursos é um tema comum na igreja brasileira.

Solidariedade com as comunidades imigrantes

No Rio Grande do Sul, os metodistas acompanham os imigrantes haitianos à medida que se adaptam à vida no Brasil. A Igreja Metodista nomeou Duplan Daniel, que veio do Haiti para estudar, como pastor missionário na comunidade haitiana de Canoas.

Durante a quarentena, muitos imigrantes haitianos perderam seus empregos e alguns se mudaram para morar com outras famílias. Quartos apertados costumam se tornar um terreno fértil para doenças. Portanto, a assistência de aluguel, que ajuda as famílias a ficar em casa, é uma prioridade. A equipe de Daniel também prepara cestas de alimentos para socorro emergencial.

Mas Daniel diz que eles usarão uma parte do subsídio da UMCOR para investir no trabalho de subsistência.

“Mesmo que você tenha me fornecido peixes hoje, precisa me ensinar a pescar”, explicou Daniel. “Compraremos duas ou três máquinas de costura para ensinar um grupo de rapazes e moças a fazer máscaras. Isso ajudará a eles e suas famílias, mas eles também podem vender máscaras. Essas novas habilidades são um investimento no futuro, após a pandemia.”

Em Porto Alegre, a Congregação Wesley da Igreja Metodista no Brasil realiza um ministério de reassentamento em andamento. Nos últimos anos, houve um afluxo de migrantes da Venezuela, que enfrentam dificuldades durante a crise política da Venezuela.

Paulo Roberto Lima Bruhn, membro da Congregação Wesley, lembra os três primeiros venezuelanos que visitaram a igreja em 2018. David, Christian e Josef apareceram um domingo de Esteio, uma comunidade próxima. Eles encontraram metodistas em Boa Vista, uma cidade muito mais próxima da fronteira venezuelana. Uma vez que o governo brasileiro os reinstalou em Esteio, eles queriam encontrar uma Igreja Metodista. Eles vieram apesar de terem pouco dinheiro para o transporte, porque reconheceram o nome “Wesley”.

“Foi quando começamos o trabalho de acompanhamento”, disse Bruhn, “buscando atender às várias necessidades de cada uma de suas vidas.”

Desde 2018, a Igreja Metodista nacional formalizou um programa estruturado para acolher venezuelanos em Boa Vista e enviá-los para igrejas metodistas em outras partes do país para reassentamento. Bruhn está em contato semanal com os coordenadores do programa de boas-vindas dos migrantes na Igreja Metodista de Boa Vista.

A Congregação Wesley descobriu que os três homens estavam separados de suas famílias, que estavam em extrema necessidade na Venezuela ou em Boa Vista. Com o tempo, eles trouxeram as esposas e filhos dos três homens. Depois vieram irmãos e irmãs e suas famílias. Muitos vieram doentes e famintos, apenas com as roupas nas costas. Desde então, a congregação Wesley reassentou cerca de 150 pessoas.

O subsídio da UMCOR ajudará 15 famílias, cerca de 60 pessoas, com assistência de aluguel para que possam permanecer em suas casas durante a quarentena.

Embora seja difícil para uma igreja de 200 membros apoiar esse ministério, Bruhn tem uma teoria sobre como isso se torna possível.

“Meu entendimento, quando saímos em missão, é que Deus nos dará a visão. Para mim, isso é muito importante – que este trabalho esteja relacionado às pessoas que Deus nos confiou. Quando confiamos em Deus, Deus nos envia pessoas e a capacidade de ajudar, de participar da obra de Deus.”

*Christie R. House é consultora e editora dos Ministérios Globais. Tradução da entrevista fornecida por Donald Reasoner.

**Sara de Paula é tradutora independente. Para contatá-la, escreva para IMU_Hispana-Latina@umcom.org

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