Igrejas brasileiras clamam por justiça racial transformadora

Foto: Marcelo Schneider/CMI

A morte brutal de João Alberto Silveira Freitas, negro, de 40 anos de idade, pela ação de dois agentes de segurança brancos do lado de fora de um supermercado em Porto Alegre, Brasil, no dia 19 de novembro, véspera do Dia da Consciência Negra, despertou revolta em todo país. As igrejas-membro do Conselho Mundial de Igrejas condenaram a morte de João Alberto e expressaram profunda preocupação com a injustiça racial sistêmica no Brasil.

Gravações de vídeo mostram João Alberto sendo repetidamente agredido no rosto pelos seguranças do supermercado.

O Bispo Luíz Vergílio Batista da Rosa, presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista do Brasil, emitiu uma declaração expressando dor e solidariedade à família de João Alberto. “Esperamos que a justiça seja feita. E que que tenhamos a esperança quilombola de uma sociedade mais justa, fraterna, acolhedora sem racismo e violência étnica. Como cristãos e cristãs, não basta não ser racista. É preciso ser anti-racista!”, ele escreveu.

O Bispo Naudal Alves Gomes, primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), declarou: “nossa responsabilidade como pessoas cristãs e cidadãs é que superemos e renunciemos a esses pecados sociais, estruturais e realmente nos comprometamos com a justiça e a paz do Reino de Deus. Nossa igreja tem buscado trilhar esse caminho, levantando sua voz profética, exercitando a solidariedade, buscando dialogar com as demais religiões.”

De acordo com uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os afrodescendentes representam 56.10% da sociedade brasileira. A discriminação racial, no entanto, segue prevalecendo no país.

“Com muita dor, acompanhamos mais um caso de violência ocorrido no nosso país. Nos solidarizamos com todas as pessoas vítimas de violência e clamamos por justiça e paz”, declarou a liderança da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). “Precisamos vencer o mal com o bem, transformar a violência em paz.”

O Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) emitiu um pronunciamento reiterando seu compromisso histórico no combate ao racismo e a todas as formas de discriminação: “Nenhum cristão vive um cristianismo maduro se permanece omisso diante deste pecado social que marginaliza e mata milhões de negros e negras em nossa pátria”.

A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB) promoveu um evento online no Dia da Consciência Negra para debater a questão do racismo como pecado. “Racismo é crime! Racismo é pecado” A Igreja precisa falar sobre esta triste realidade para poder melhor combate-la, de acordo com os princípios do Evangelho de Jesus Cristo”, dizia o anúnicio do evento.

A Pastora Romi Bencke, secretária geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), lembrou que nos últimos dias, “além do assassinato de Beto, mulheres negras eleitas nas últimas eleições sofrem ameaças de morte. Esperamos que a responsabilização deste crime não seja apenas dos seguranças, mas também da rede de supermercado. As empresas privadas também deve ser responsabilizadas pelas práticas racistas”, disse.

Fonte: Conselho Mundial de Igrejas
Foto: Marcelo Schneider/CMI

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