O Julho das Pretas chega à sua nona edição: “Para o Brasil Genocida, Mulheres Negras Apontam a Solução!”

O Julho das Pretas chega à sua nona edição sob a temática “Para o Brasil Genocida, Mulheres Negras Apontam a Solução!”. Com a escolha, este ano, o movimento de mulheres negras chama atenção para o genocídio que já ocorre no Brasil desde muito antes da pandemia de Covid-19 se espalhar pelo mundo e chegar ao nosso país o da população negra. A pandemia, por sua vez, intensificou as violências do Estado brasileiro contra negros e negras.

Os grandes detentores de capital e poder, aliados ao Estado brasileiro, têm utilizado o clima de calamidade pública para intensificar as ações violentas das polícias nas periferias do país, invadir comunidades quilombolas e indígenas, naturalizar a existência da fome em um país tão rico em recursos naturais, não acolher os casos de violência doméstica e não seguir com julgamentos de casos de feminicídio, entre outras violências.

Diante de tantas perdas e aprofundamento de desigualdades, Mônica Oliveira, integrante da Rede de Mulheres Negras do Nordeste e uma das articuladoras do Julho das Pretas, descreve a importância da temática : “É, antes de mais nada, a reafirmação da capacidade das mulheres negras de enfrentarem as mais distintas opressões com mobilização, criatividade, competência e ousadia. Somos nós as mulheres negras que temos estado a frente de diferentes lutas estratégicas, afirmando que não vamos deixar nossas famílias morrerem nem de bala, nem de fome, nem de COVID! Não queremos apenas sobreviver, queremos viver!”.

Com este tema, o Julho das Pretas busca afirmar que as mulheres negras, sujeitas políticas organizadas em todas as esferas da sociedade brasileira, estão refletindo e apontando soluções para o Brasil, a partir da luta antirracista, antipatriarcal, anticapitalista e pelo Bem Viver!

O Julho das Pretas é uma estratégia de incidência política desenvolvida a partir de uma agenda conjunta e propositiva com movimentos de mulheres negras da Bahia, Região Nordeste, e mais alguns estados do país, tais como Paraná, Pará, Amapá, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, e Distrito Federal, voltada para o fortalecimento das agendas e organizações de mulheres negras.

Idealizado em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, o Julho das Pretas celebra o 25 de Julho, Dia Internacional da Mulher Negra Afro Latina-americana e Caribenha, e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Todos os anos, o movimento de mulheres negras da região Nordeste, a partir da Rede de Mulheres Negras do Nordeste em diálogo com Articulação de Organizações de Mulheres Negras (AMNB), se reúnem para escolha do tema do Julho na região, dialogando com os principais desafios políticos das mulheres negras naquele mês.

A CESE, organização ecumênica que atua na promoção, defesa e garantia de direitos, identifica e reconhece a existência do racismo  ambiental, institucional e estrutural na construção histórica do Estado e da sociedade brasileira. É por isso que a CESE é parceira desta iniciativa desde sua primeira edição: por entender que esta é uma importante ferramenta de fortalecimento das organizações de mulheres negras, de visibilidade da luta e de incidência política.

Para Rosana Fernandes, assessora de projetos de formação da CESE, as mulheres negras desde a diáspora têm estado na linha de frente pelo direito à liberdade e condições de vida digna para o povo negro. “Não foram poucas frentes de batalhas e nem poucas as que tombaram. O Julho das Pretas é a continuidade desta pauta de lutas, de visibilidade das atrocidades vivenciadas pela população negra neste país. Mas é também uma agenda de fortalecimento e direcionamento do movimento de mulheres, contra a Violência, o Racismo, Sexismo e pelo Bem Viver! Seguimos em Marcha!”, afirma Fernandes.

Através do Programa de Pequenos Projetos, a CESE incentiva a reflexão e a prática de fortalecimento e discussão das pautas de gênero e raça. O apoio ao Julho das Pretas fortalece a iniciativa da CESE de autoconstrução dentro de uma linha de apoio a projetos e formação que siga a sua Política Institucional de Equidade Racial, instituída em 2019.

Confira aqui a programação da 9ª Edição do Julho das Pretas

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