Seminário Cooperação Internacional: seus desafios, impactos e tendências

Seminário Cooperação Internacional-PAD (Mayra Souza)

CONIC-A Articulação e Diálogo InternacionalPAD realiza seminário sobre Cooperação Internacional com o objetivo foi discutir seus desafios, impactos e tendências. O CONIC esteve representado neste evento pela secretária-geral, a pastora Romi Bencke.

A primeira mesa, no período da manhã, dialogou sobre: O contexto global, solidariedade e cooperação internacional. Letícia Tura (Fase) e Vicente Puhl (HEKS EPER ) foram os moderadores e abriram a discussão falando sobre a importância do debate da cooperação internacional. E o quanto isso é um debate político, porque as suas definições têm impactos sobre os nossos territórios.

Os convidados para a mesa foram: Jurema Werneck (Anistia Internacional), Rogério Paulo Hohn (MAB Nacional) e Valéria Paye Kaxuyana (Fundo Podaali/COIAB). 

O diálogo foi bem produtivo e os participantes abordaram a importância de se olhar o contexto brasileiro e o processo de destruição, pelo qual passa nosso país. E o quanto é preciso que cada um faça parte deste amplo debate, pois não daremos conta de estar em todos os lugares. Rogério Hohn (MAB) começou falando um pouco sobre a conjuntura política e a crise estrutural do capitalismo e toda a gama de impactos sobre a população.

Na fala de Valéria Paye Kaxuyana (Fundo Podaali/COIAB) ela destaca que houve um contexto de contribuição de construção, mesmo a partir da ditadura, tem um caminhar de construção, de incidência principalmente após a constituição de 88, onde os movimentos sociais tiveram um papel muito importante no processo de construção e de diálogo com o estado e com a cooperação internacional. Mas que após a destituição da presidente Dilma, há um processo de regressão em relação a todo um processo de construção que a vínhamos fazendo e de algumas conquistas ao longo dessa caminhada de mais de 30 anos.

Jurema Werneck destacou que o neoliberalismo está vencendo porque os individualismos, bastante celebrados nas redes sociais estão com espaço à vontade: todo mundo é porta voz de si mesmo. Não é ruim ter uma voz e não é ruim colocar sua voz na esfera pública, mas sabemos que uma voz sem projeto é só ruído e as ruas digitais estão cheias de ruídos. Sua fala foi intensa e bem direta quanto ao momento de ameaça que estamos vivendo.

Segunda parte do Seminário

A mesa da tarde dialogou sobre as tendencias da cooperação internacional com o Brasil. Abordando o contexto brasileiro e o papel da cooperação oficial, o papel do Estado na garantia de uma cooperação participativa, democrática, inclusiva, transparente e solidária. As perspectivas e desafios das tendências das políticas de cooperação internacional, frente ao contexto brasileiro de violações dos direitos humanos, o s impactos e repercussões da cooperação oficial (entre países) sobre os territórios e as políticas públicas no Brasil, em especial na Amazônia. E o que os estudos do PAD apontam como perspectiva da política de cooperação considerando-se o contexto brasileiro e o contexto internacional.

Sônia Mota (CESE/PAD) e Mércia Alves (SOS Corpo/PAD) foram as moderadoras desta mesa e iniciaram falando um pouco sobre o contexto de exterioridade que vivenciamos atualmente, de externalidade, desse lugar de ser sociedade civil numa sociedade em uma forma de governo autocrática, protofascista que nega a qualidade dos sujeitos, inclusive sujeitos de corpos diferentes que vivem desigualdades e diversidades.

Os convidados para a mesa foram: Luiz Ramalho (Sociólogo); Aurelio Vianna (Antropólogo); Nilma Bentes (ativista do movimento negro/CENDENPA). E começaram falando sobre o cenário brasileiro, uma situação crescente de desmatamento, queimada, criminalização da luta dos defensores e defensoras das organizações dos direitos humanos, mas sobretudo a criminalização no tocante ao extermínio dos corpos políticos, negros, jovens, ambientalistas, que se transformam em notícias nas nossas vidas e sem nenhuma responsabilização.

Luiz Ramalho (Sociólogo) abriu as falas e trouxe algumas informações que deixou todos muito animados. Que a Alemanha, Espanha, França, Holanda e Suécia declararam que a política exterior e de cooperação tem que ser feminista.

Aurelio Vianna (Antropólogo) falou sobre a incidência sobre a questão ambiental ou do que é ambiental e como se torna importante para a defesa de direitos.

Nilma Bentes (ativista do movimento negro/CENDENPA) falou que infelizmente o movimento negro não representa a população negra no Brasil ainda. E questionou como é que conseguem falar de temas tão grandes e não falar da matança, do genocídio da população negra?

Os debates foram importantes e mais de uma dezena de participantes puderam colocar suas opiniões e dialogar com os convidados. O Seminário contou com dezenas de organizações parceiras do PAD e com a presença de representantes da Cooperação Internacional: Misereor, Kobra, Fundação Heinrich Boll e Heks-Eper.

Lançamentos

A apresentação dos artigos “Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Organizações da Sociedade Civil” de seis países: Alemanha, França, Holanda, Noruega, Reino Unido e Suíça, produzidos por Mara Manzoni Luz e Sheila Tanaka; foi realizada por Sônia G. Mota (CESE/PAD), que fez uma breve apresentação e convidou todos os presentes à acessá-los no site do PAD.

Para entender melhor as novas configurações e discutir mais sobre os possíveis caminhos para impulsionar a agenda de direitos através da cooperação, a CESE realizou em 2021 duas rodas de conversa com a equipe interna e organizações parceiras: “Diálogos sobre a Cooperação e Filantropia para defesa de direitos e desenvolvimento” e contou com a mediação de Julia Esther -Secretária Executiva do PAD e de Domingos Armani – Consultor em Desenvolvimento Institucional para OSCs. Este diálogo virou uma publicação e também foi lançada no Seminário.

Acesse a publicação AQUI!

Por Kátia Visentainer
Fotos e arte: Mayra Souza e Sandy Augusto

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