Em meio a enchentes e à luta pelo território, povo Krahô recebe apoio emergencial da CESE

BRASIL-

O povo Krahô, da aldeia Takywará, no estado de Tocantins, município de Lagoa da Confusão, recebeu apoio emergencial da CESE por meio do Programa de Pequenos Projetos em 2023. Na ocasião, a comunidade havia sido impactada pelo alagamento em sua área devido à cheia do rio Formoso, fenômeno que provocou a morte de peixes, porcos e outros animais, além de destruir o roçado, afetando toda a segurança alimentar do povo.

Lideranças indígenas Krahô alegam que um fazendeiro local incendiou uma ponte que conectava as cidades de Lagoa da Confusão a Dueré, o que causou uma cheia no rio Formoso. Os danos ambientais resultaram em uma série de impactos, afetando cerca de 76 pessoas da aldeia Takywará, deixando inclusive a comunidade com risco de contaminação por infecções devido ao alagamento.

“Com o barramento do rio e a mudança no seu percurso natural, uma grande área às margens do rio Formoso, onde está localizada a aldeia Takywará, foi alagada. Os grandes canais de irrigação utilizados pelas lavouras do agronegócio para retirar água dos rios Formoso e Javaé acumulam muita água durante as chuvas, matando as lavouras. No inverno, os fazendeiros retiraram essa água dos canais, elevando o nível das águas dos rios e provocando alagamentos nas aldeias”, conta Eliane Franco, missionária da Cimi Regional Goiás/Tocantins.

Banhada pelos rios Dueré, Formoso e Javaés, cravada no Cerrado e cortada por lavouras de monocultura de arroz, a região é algo constante de alagamentos, provocados principalmente pelo modelo predatório do agronegócio.

O apoio da CESE serviu para garantir a subsistência alimentar da comunidade, além de equipamentos de materiais básicos de proteção individual para que as pessoas pudessem transitar com mais segurança na área alagada.

Renato Pypcrê Pityj Cruz Lima Krahô, presidente da Associação Indígena Krahô (AIK – Irom Kam Cô) ressalta alguns pontos sobre a situação que vivenciaram: “A nossa alimentação vem do rio, como peixe, tartaruga, quelônios e tracajá, e durante o período das enchentes é difícil até pegar esses peixes. Como criamos porcos, a área ficou alagada e ficamos à mercê de fezes no rio, fato que afetou  a nossa saúde. Assim, os equipamentos de proteção e as cestas básicas foram importantes para a nossa sobrevivência”.

O apoio da CESE também contribuiu para o fortalecimento da luta pelo território pelos Krahô Takaywrá. “O projeto contribuiu para a defesa da terra dos Krahô Takaywrá, que seguem pressionando a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para a aquisição do território. Além disso, contribuiu pela defesa dos rios Formoso e Dueré. Após o barramento irregular do rio pelo fazendeiro, o poder público foi acionado para proteger os rios da região. O Ministério Público Federal (MPF-TO) e a Defensoria Pública, junto com os órgãos ambientais do estado, conseguiram, através da denúncia realizada pelos povos indígenas, a condenação do fazendeiro pelos danos ambientais causados”, destaca Eliane.

Os Krahô da aldeia Takywará estão em uma área provisória, o assentamento de São Judas Tadeu, uma área de preservação permanente (APP). A região onde vivem é cercada por canais de lavouras do agronegócio, que utilizam água dos rios Formoso e Javaés. Durante o período chuvoso, de novembro a maio, as lavouras ficam saturadas, e os produtores abrem os canais de irrigação para evitar perdas, o que provoca alagamentos nas terras ao redor.

O povo pleiteia há 15 anos junto à Funai a criação de uma reserva indígena. A situação de vulnerabilidade motivou articulações políticas com outros atores, como a Secretaria dos Povos Originários do Estado de Tocantins e a Secretaria de Direitos Humanos. A criação da reserva é fundamental para a preservação da cultura e do modo de vida dos Krahô, que vivem em constante insegurança, temendo que a próxima cheia possa novamente alagar  a sua aldeia.

“Hoje estamos aqui, mas sabemos que o próximo inverno pode trazer novas cheias e forçar mais uma vez a nossa saída. Por isso, lutamos por um território para que possamos ter uma aldeia em um local onde não soframos com alagamentos. A importância do território para nós é fundamental, e nossa luta pela criação da reserva é constante”, afirma Davi Krahô, vice-cacique.

Cerrado

A situação do povo Krahô da aldeia Takywará evidencia a agressão ao Cerrado, provocado pelo avanço descontrolado da fronteira agrícola tornou o bioma o mais desmatado em 2023. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado ultrapassou pela primeira vez o bioma amazônico, com um alerta de 19% no aumento do desmatamento, dados que preocupam a sobrevivência dos povos originários da região. Defender o Cerrado é proteger a vida e garantir o bem-estar dos povos originários.

Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.

Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:

1. Oficinas ou cursos de formação

2. Encontros e seminários

3. Campanhas

4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo

5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas

6. Mobilizações e atos públicos

7. Intercâmbios – troca de experiências

8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital

9. Ações de comunicação em geral

10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização

Clique aqui para enviar seu projeto!

Mas se você ainda tiver alguma dúvida, clica aqui!, no estado de Tocantins, município de Lagoa da Confusão, recebeu apoio emergencial da CESE por meio do Programa de Pequenos Projetos em 2023. Na ocasião, a comunidade havia sido impactada pelo alagamento em sua área devido à cheia do rio Formoso, fenômeno que provocou a morte de peixes, porcos e outros animais, além de destruir o roçado, afetando toda a segurança alimentar do povo.

Lideranças indígenas Krahô alegam que um fazendeiro local incendiou uma ponte que conectava as cidades de Lagoa da Confusão a Dueré, o que causou uma cheia no rio Formoso. Os danos ambientais resultaram em uma série de impactos, afetando cerca de 76 pessoas da aldeia Takywará, deixando inclusive a comunidade com risco de contaminação por infecções devido ao alagamento.

“Com o barramento do rio e a mudança no seu percurso natural, uma grande área às margens do rio Formoso, onde está localizada a aldeia Takywará, foi alagada. Os grandes canais de irrigação utilizados pelas lavouras do agronegócio para retirar água dos rios Formoso e Javaé acumulam muita água durante as chuvas, matando as lavouras. No inverno, os fazendeiros retiraram essa água dos canais, elevando o nível das águas dos rios e provocando alagamentos nas aldeias”, conta Eliane Franco, missionária da Cimi Regional Goiás/Tocantins.

Banhada pelos rios Dueré, Formoso e Javaés, cravada no Cerrado e cortada por lavouras de monocultura de arroz, a região é algo constante de alagamentos, provocados principalmente pelo modelo predatório do agronegócio.

O apoio da CESE serviu para garantir a subsistência alimentar da comunidade, além de equipamentos de materiais básicos de proteção individual para que as pessoas pudessem transitar com mais segurança na área alagada.

Renato Pypcrê Pityj Cruz Lima Krahô, presidente da Associação Indígena Krahô (AIK – Irom Kam Cô) ressalta alguns pontos sobre a situação que vivenciaram: “A nossa alimentação vem do rio, como peixe, tartaruga, quelônios e tracajá, e durante o período das enchentes é difícil até pegar esses peixes. Como criamos porcos, a área ficou alagada e ficamos à mercê de fezes no rio, fato que afetou  a nossa saúde. Assim, os equipamentos de proteção e as cestas básicas foram importantes para a nossa sobrevivência”.

O apoio da CESE também contribuiu para o fortalecimento da luta pelo território pelos Krahô Takaywrá. “O projeto contribuiu para a defesa da terra dos Krahô Takaywrá, que seguem pressionando a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para a aquisição do território. Além disso, contribuiu pela defesa dos rios Formoso e Dueré. Após o barramento irregular do rio pelo fazendeiro, o poder público foi acionado para proteger os rios da região. O Ministério Público Federal (MPF-TO) e a Defensoria Pública, junto com os órgãos ambientais do estado, conseguiram, através da denúncia realizada pelos povos indígenas, a condenação do fazendeiro pelos danos ambientais causados”, destaca Eliane.

Os Krahô da aldeia Takywará estão em uma área provisória, o assentamento de São Judas Tadeu, uma área de preservação permanente (APP). A região onde vivem é cercada por canais de lavouras do agronegócio, que utilizam água dos rios Formoso e Javaés. Durante o período chuvoso, de novembro a maio, as lavouras ficam saturadas, e os produtores abrem os canais de irrigação para evitar perdas, o que provoca alagamentos nas terras ao redor.

O povo pleiteia há 15 anos junto à Funai a criação de uma reserva indígena. A situação de vulnerabilidade motivou articulações políticas com outros atores, como a Secretaria dos Povos Originários do Estado de Tocantins e a Secretaria de Direitos Humanos. A criação da reserva é fundamental para a preservação da cultura e do modo de vida dos Krahô, que vivem em constante insegurança, temendo que a próxima cheia possa novamente alagar  a sua aldeia.

“Hoje estamos aqui, mas sabemos que o próximo inverno pode trazer novas cheias e forçar mais uma vez a nossa saída. Por isso, lutamos por um território para que possamos ter uma aldeia em um local onde não soframos com alagamentos. A importância do território para nós é fundamental, e nossa luta pela criação da reserva é constante”, afirma Davi Krahô, vice-cacique.

Cerrado

A situação do povo Krahô da aldeia Takywará evidencia a agressão ao Cerrado, provocado pelo avanço descontrolado da fronteira agrícola tornou o bioma o mais desmatado em 2023. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Cerrado ultrapassou pela primeira vez o bioma amazônico, com um alerta de 19% no aumento do desmatamento, dados que preocupam a sobrevivência dos povos originários da região. Defender o Cerrado é proteger a vida e garantir o bem-estar dos povos originários.

Desde a sua fundação, a CESE definiu o apoio a pequenos projetos como a sua principal estratégia de ação para fortalecer a luta dos movimentos populares por direitos no Brasil.

Quer enviar um projeto para a CESE? Aqui uma lista com 10 exemplos de iniciativas que podem ser apoiadas:

1. Oficinas ou cursos de formação

2. Encontros e seminários

3. Campanhas

4. Atividades de produção, geração de renda, extrativismo

5. Manejo e defesa de águas, florestas, biomas

6. Mobilizações e atos públicos

7. Intercâmbios – troca de experiências

8. Produção e veiculação de materiais pedagógicos e informativos como cartilhas, cartazes, livros, vídeos, materiais impressos e/ou em formato digital

9. Ações de comunicação em geral

10. Atividades de planejamento e outras ações de fortalecimento da organização

Clique aqui para enviar seu projeto!

Mas se você ainda tiver alguma dúvida, clica aqui!

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *