A repercussão negativa da votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, na qual os termos Deus e família rechearam o discurso dos parlamentares, fez com que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fizesse um pedido aos colegas: ‘por favor, vamos evitar transformar o julgamento em espetáculo’.
Embora repleto de xingamentos e bate-boca, os cinco dias de debates também tiveram o apelo à Deus como um dos destaques. Muitos senadores, aproveitaram o último discurso, para recorrer à máxima instância divina.
“Que Deus abençoe e ilumine o novo presidente que vai comandar o País a partir deste julgamento”, entoou o senador Magno Malta (PR-ES).
A divindade foi mencionada pelo menos 46 vezes. O termo foi citado 59 vezes no julgamento na Câmara dos Deputados, em abril, e 19 vezes por senadores na votação de abertura do processo no Senado, em maio.
Nem a presidente Dilma Rousseff se eximiu de pedir proteção divina. Na segunda-feira (25), em resposta ao senador Telmário Mota (PDT-RR), ela disparou: “Deus me livre do que o senhor chamou de PMDB do mal”.
Termo de discórdia
Geralmente invocado em tom de solidariedade, o termo Deus também foi alvo de discórdia. Uma das autoras do pedido de impeachment, a jurista Janaina Paschoal o trouxe para o centro da discussão.
“Foi Deus que fez com que várias pessoas, ao mesmo tempo, cada uma na sua competência, percebessem o que estava acontecendo com o nosso País e conferiu a essas pessoas coragem para se levantarem e fazerem alguma coisa a respeito”. Ela também pediu à Deus e aos senadores que compreendessem a magnitude do momento.
Em seguida, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) rebateu: “A doutora Janaina invocou Deus. Deus não tem nada a ver com esse golpe, senhor presidente. Invocou os netos da presidenta, chorou. Isso daqui não é uma cena. Nós não estamos aqui fazendo uma encenação”.
Deus e o Diabo
Se Deus esteve presente, o diabo também. O maior duelo entre os dois foi com quem a presidente afastada teria feito um pacto. Os termos foram puxados pelos senadores Sérgio Petecão (PSD-AC) e Ana Amélia (PP-RS). Petecão acusou a presidente afastada de ter feito um pacto com o diabo para ser reeleita em 2014.