Páscoa: a morte, fruto da tirania, é vencida pela vida plena

Pascoa

Era mais ou menos a hora sexta, e houve treva sobre a terra inteira até à hora nona tendo desaparecido o sol. O véu do Santuário rasgou-se ao meio, e Jesus deu um grande grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso, expirou.” (Lc 23:44-46)

“No primeiro dia da semana, muito cedo ainda, elas foram ao sepulcro… encontraram a pedra do túmulo removida, mas ao entrar, não encontraram o corpo do Senhor Jesus.” (Lc 24:1a-3).

Há muitas definições para a Páscoa. Para os judeus, ela simboliza a libertação da escravização do povo hebreu. Esta libertação foi coletiva e significou a ruptura com o que se conhece como Mizgian, que significa fronteiras que oprimem e confinam o ser humano. Romper com esta fronteira significa dar o primeiro passo para uma libertação que reorganiza a vida coletiva sob os parâmetros de uma liberdade que é ética e que não permite a dominação de umas pessoas sobre as outras. 

Para nós, cristãs e cristãos, Páscoa também significa libertação. A morte de Jesus na cruz representou o gesto autoritário de um poder tirano para silenciar as pessoas que ousassem confrontar a opressão, a exclusão e toda a forma de legalismo que gerava medo e silêncio. Talvez por um breve momento, a tirania tenha celebrado o fato de dar o exemplo de seu poder lançando mão da violência. O medo, historicamente, tem sido um instrumento político e religioso de dominação

A Páscoa, tanto na experiência judaica, quanto na experiência cristã, representa uma ruptura com as forças que oprimem. Quando os hebreus atravessaram o mar Vermelho, ele se abriu para que as pessoas escravizadas atravessassem em segurança. 

Quando Jesus deu o seu último suspiro, uma treva profunda cobriu a terra. Fez-se silêncio e vazio. Mas, no domingo, primeiro dia da semana, eis o milagre da misericórdia de Deus. As mulheres que foram ao sepulcro encontraram-no vazio. O corpo torturado de Jesus não estava lá. A cruz estava vazia e o túmulo também. Eis que a Palavra de Deus é totalmente diferente do poder tirano

Foi no silêncio e nas brechas da tirania que a vida plena de Jesus, de seus discípulos e discípulas, foi reafirmada. Deus é Deus da vida e não da morte. A ressurreição é a constante afirmação de uma esperança que não se deixa silenciar pelo medo. A esperança que brota da fé na ressurreição de Jesus Cristo aponta permanentemente para a cruz e o túmulo sem corpo torturado e machucado. Jesus ressuscitado, que caminha com os discípulas e discípulas, e compartilha o pão e o vinho, é o Jesus que nos fala hoje que nenhuma tirania terá mais força que a plenitude da vida.

Sigamos, portanto, com essa esperança: toda tirania foi, é e sempre será vencida pela vida plena. Feliz e abençoada Páscoa para todas e todos.

CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Bras

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