Ofensiva evangélica no Palácio do Planalto: líderes religiosos conservadores são recebidos pelo vice Michel Temer; próximo alvo é o Senado

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Por Magali do Nascimento Cunha

Uma discreta reunião do vice-presidente da República, Michel Temer com diversas lideranças evangélicas nacionais alinhadas com a pauta conservadora em curso na política brasileira aconteceu no Palácio do Planalto em 27 de abril.

O encontro, que não consta na agenda oficial do vice-presidente, foi articulado pelo presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ, Assembleia de Deus), e reuniu, no gabinete de Michel Temer, o Bispo Robson Rodovalho (presidente Igreja da Sara a Nossa Terra),  os pastores Silas Malafaia (presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo), Mario de Oliveira (presidente da Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil), RR Soares (Presidente da Igreja Internacional da Graça), Abner e Samuel Ferreira (Assembleia de Deus Madureira). O presidente do PSC Pastor Everaldo (Assembleia de Deus) e os deputados da bancada evangélica ligados à Igreja do Evangelho Quadrangular Josué Bengtson (PTB/PA), Stefano Aguiar (PSB/MG) e Jefferson Campos (PSD/SP, vice-presidente da Igreja) e o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF, Assembleia de Deus) também participaram do momento. Os ministros Henrique Alves (Turismo) e Eliseu Padilha (Aviação Civil) e o secretário da Receita Federal Jorge Rachid estiveram presentes.
Não há divulgação do teor da reunião nos espaços oficiais desses grupos, muito menos nos da vice-presidência. Uma breve nota do Radar On-Line/Veja fala que o tema foi a necessidade da aprovação de uma Lei Geral das Religiões. Difícil que seja isto. Quem acompanha a política dos evangélicos sabe que este é um projeto da Igreja Universal do Reino de Deus, que não estava representada na reunião [saiba mais sobre a Lei Geral das Religiões aqui].
Noticiário da Igreja do Evangelho Quadrangular, bem imersa na reunião, registra que “o encontro teve o objetivo de reunir pastores de diferentes denominações para discutir o papel que a igreja tem na sociedade e na política, além de mostrar sua força e união”. Esta ênfase, apesar de tom ameno, já se apresenta mais coerente com a busca de ocupação de espaços de poder dos grupos conservadores evangélicos com o apoio do líder da Câmara, também evangélico, Eduardo Cunha.

 

Esta ideia se reforça pelo fato de que o presidente do Senado Renan Calheiros aceitou receber lideranças evangélicas conservadoras para ouvir argumentos contrários à indicação de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal. O jurista tem sido bombardeado nas redes sociais de líderes evangélicos por ser favorável, por exemplo, ao pagamento de pensão para amantes [saiba mais sobre a indicação de Luiz Fachin aqui e aqui].
O contexto se apresenta propício para lideranças evangélicas conservadoras ampliarem cada vez mais seu poder de ação nos espaços políticos para além da pauta da moralidade sexual.

 

 

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