Fazendo as perguntas difíceis sobre raça

O Rev. Giovanni Arroyo atua como alto executivo da Comissão Metodista Unida sobre Religião e Raça, a agência formada para responsabilizar a denominação pelo seu compromisso de rejeitar o racismo na vida da igreja. Foto por Mike DuBose, Notícias MU.

Por Jim Patterson
Traduzido e adaptado por Sara de Paula- Notícias MU

O Rev. Giovanni Arroyo coloca uma questão difícil para os Metodistas Unidos brancos que dizem que querem o fim do racismo.

Você quer justiça racial o suficiente para renunciar voluntariamente a parte de seu poder? Mesmo aqueles que dizem “sim” a isso tendem a fazer essas mudanças de maneiras que não mudam realmente as coisas, disse Arroyo, alto executivo da United Methodist Commission on Religion and Race (Comissão Metodista Unida sobre Religião e Raça) desde o dia 31 de agosto.

“A igreja tem todos esses comitês”, disse Arroyo. “Eles olham em volta para ver quem está faltando, o que é uma ótima pergunta que devemos fazer.”

Mas a tendência é adicionar uma cadeira à mesa existente para a representação minoritária, em vez de ter um dos membros atuais do comitê renunciando.

“Enquanto continuarmos adicionando uma cadeira, a dinâmica do poder ainda não muda”, disse Arroyo, a primeira pessoa latina a liderar uma agência geral Metodista Unida. “Quando as pessoas estão dispostas a abrir mão desse lugar e conseguir outra pessoa, então você começa a mudar esse poder e permite novas maneiras de ser. Para mim, esse é um desafio para a igreja, e esse é o desafio da diversidade e da inclusão”.

Arroyo sabe em primeira mão sobre como é ser um “outro”. Natural de Porto Rico, chegou aos EUA ainda menino. Sua família frequentou a Igreja Metodista Unida Knickerbocker no Brooklyn, Nova York, onde ele sentiu pela primeira vez um chamado para o ministério.

“Meus pais eram presbiterianos, mas não conseguimos encontrar uma igreja presbiteriana de língua espanhola no Brooklyn”, disse ele. “Minha tia… encontrou uma igreja de língua espanhola no Brooklyn, e Knickerbocker foi um lugar que me nutriu. Foi lá que a comunidade abraçou minha família, e eles realmente se importaram com o discipulado que proporcionou uma missão profunda de quem Deus é naquele tempo.”

Aos 10 anos, Arroyo estava “brincando de igreja” na sala de estar do apartamento da família, levando outras 16 a 20 crianças ao culto.

“Aos 12 anos, preguei meu primeiro sermão na Church for All Nations (Igreja para Todas as Nações) em Manhattan”, disse ele. “E então comecei a pregar na minha igreja local e a pregar para o distrito.”

Arroyo era estudante de medicina e estudou psicologia na faculdade. Ele obteve graus avançados em saúde mental clínica, gestão e divindade.  

Antes de se comprometer com o ministério, Arroyo foi pesquisador no City College (Universidade Pública) de Nova York, estudando linguagem e psicologia. Ele pesquisou violência e abuso infantil, dependência de drogas em adultos jovens e ensinou inglês como segunda língua.

“Gio é bilíngue, provavelmente trilíngue”, disse o reverendo Stephen Handy, pastor da Igreja Metodista Unida McKendree em Nashville, Tennessee. “Isso o ajuda a navegar pelas subculturas.”

Handy conheceu Arroyo em seu papel como membro do conselho de Religião e Raça.

“Ele aprecia a diferença – diferença de linguagem, diferença de costumes, práticas e padrões. Ele encontra uma maneira de se alinhar e integrar o valor da cultura e das perspectivas de outras pessoas em seu trabalho.”

Depois de iniciar sua carreira como pastor em 2001 em Connecticut, Arroyo foi chamado ao serviço após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, aconselhando parentes enlutados de vítimas no Hospital Bellevue, em Nova York. Ele deixou a Conferência de Nova York por empréstimo para a Conferência Baltimore-Washington em 2004 para servir como pastor de duas congregações hispânicas e ocupar outros cargos de liderança. 

Em 2010, Arroyo foi contratado como líder de equipe para ministérios de programas em Religião e Raça, responsável pela programação e recursos.

Desde que foi nomeado para o cargo principal da agência em 2021, Arroyo continuou a política de tornar o GCORR menos centrado nos EUA.

“Em 2012, as atividades se expandiram para a igreja mundial, mas nosso orçamento foi reduzido”, disse ele. 

O orçamento da agência foi reduzido de cerca de US$ 7,7 milhões para US$ 7,4 milhões para o quadriênio 2013-2016. 

“Há mais necessidade com menos recursos; mais demanda, mas não oferta suficiente”, disse Arroyo. “Essa é a realidade de onde vivemos.”

Historicamente, a agência gerava seus materiais educacionais nos EUA e os disponibilizava para metodistas que moram em outros lugares.

“Esses recursos eram muito focados nos EUA”, disse ele, “e por isso convidei irmãos das conferências centrais para contribuir com o desenvolvimento de recursos”.

Os Metodistas Unidos Africanos têm um recurso do ato de Pentecostes sendo finalizado para o GCORR, e será oferecido às igrejas dos EUA, disse ele.

“Nós realmente tivemos que ser intencionais sobre nossas conferências centrais e a natureza mundial deste trabalho”, disse Arroyo. “Como é isso quando olhamos para a realidade contextual na África do Sul, nas Filipinas ou na Europa?”

Arroyo disse que ainda tem muitas perguntas a responder sobre o futuro da agência, incluindo:

  • “Como levamos recursos do GCORR para as igrejas de forma mais eficiente?”
  • “Como respondemos à realidade das igrejas brancas que querem fazer isso funcionar, mas não sabem como fazê-lo?”
  • “Como continuamos a oferecer espaços para treinamento e consultoria, mas ainda lideramos a igreja nas conversas?”
  • “Qual é a nossa estratégia com as conferências centrais?” 

“Quando olhamos para a realidade de quem somos como Metodistas Unidos, a denominação não reflete nossa sociedade”, disse Arroyo. “Temos uma família muito, muito branca. … As igrejas estão em lugares que às vezes não refletem a comunidade que servimos.”

Para mudar isso, Arroyo está cultivando a agilidade entre sua equipe.

“Eu disse à equipe: ‘Neste momento, estamos no terminal do aeroporto tentando imprimir cartões de embarque para que possamos entrar no avião e descobrir onde nos sentamos’”, disse Arroyo. 

“Esta é a nossa abordagem da Southwest Airlines, na qual você quer ser muito claro sobre o papel que desempenhará e como cada um desenvolverá os conjuntos de habilidades uns dos outros”.

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