Em defesa do padre Júlio Lancelotti e do jornalista Breno Altman pelo direito de promover direitos humanos e denunciar crimes de guerra

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), acaba de emitir uma nota em defesa do padre Júlio Lancelotti e do jornalista Breno Altman. Padre Júlio é reconhecido internacionalmente por seu trabalho em defesa dos pobres nas ruas de São Paulo – razão pela qual já foi inúmeras vezes ameaçado de morte. Breno Altman, que é judeu, tem lutado para mostrar ao mundo os crimes de guerra perpetrados pelo regime sionista israelense.

Confira, a seguir, a nota:

Pelo direito de promover direitos humanos e denunciar crimes de guerra!

Abre a tua boca em favor do mundo, em defesa das pessoas abandonadas; abre a boca, julga com justiça, defende as pessoas pobres e as indigentes.” (Provérbios 31.8-9)

O padre Júlio Lancelotti e o jornalista Breno Altman são sujeitos importantes na promoção e defesa de direitos.

Padre Júlio se destaca como defensor da dignidade das pessoas em situação de rua. Seu ministério é de doação às pessoas que são diariamente identificadas pelos arautos da teologia da prosperidade como sub-humanas, e pelas elites econômicas, como perigosas, porque a simples presença de uma pessoa moradora de rua em bairros importantes dos centros urbanos desvalorizam imóveis e, na avaliação dessas elites, tornam feias as ruas e praças.

A CPI contra o padre Júlio é a reedição da escandalosa CPI contra o MST. Muito dinheiro público gasto para dar palco a forças políticas que não são comprometidas com o bem público. Ao tentar criminalizar o sacerdote católico romano, busca-se atingir organizações não-governamentais e movimentos sociais que, neste momento, estão zelando pela manutenção do nosso frágil senso de coletividade. Ao invés de instaurar essa CPI, pessoas com funções públicas deveriam dedicar tempo a investigar crimes de lavagem de dinheiro praticados por empresas da fé e outros grupos.

jornalista Breno Altamn, há bastante tempo, promove o pensamento crítico. No período da recente tentativa de ruptura democrática, Breno Altman, com seriedade, analisou e promoveu o diálogo entre vozes divergentes, como contraponto à polarização promovida por uma extrema-direita, cuja base está alicerçada em visões religiosas distorcidas, porque vinculam fé com ódio e fake news.

Desde o início da Guerra entre o Estado de Israel e o Hamas, o jornalista tem feito um trabalho importante voltado ao esclarecimento de conceitos-chave. Um deles é a diferenciação entre sionismo e antissemitismo. Duas palavras que são diariamente manipuladas para intimidar manifestações contrárias aos crimes de guerra praticados pelo Estado de Israel contra civis palestinos. O sionismo tem relação direta com o racismo, o colonialismo e a promoção de apartheid. O antissemitismo, que significa a aversão ao povo judeu, é crime. Portanto, deve ser denunciado e coibido. Ao denunciar o sionismo, Breno Altamnn não promove antissemitismo, ao contrário, nos convida para uma reflexão séria sobre as consequências do sionismo como prática colonialista, expansionista, que nega ao povo palestino o direito ao território, à autodeterminação e à existência.

Ao nos solidarizarmos com o padre Júlio e com o jornalista Breno Altman, afirmamos que as práticas da solidariedade em favor da justiça e de denúncia de crimes de guerra não podem ser tipificadas como crime.

CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *